Didi Mocó, o segundo filho de Deus?
Coluna: CINEMÚSICA
Autor: Leon Neto
Para quem foi criança no inicio dos anos 70 no Brasil, é quase
impossível não ter curtido o apogeu dos “Trapalhões”. Didi, Dedé, Muçum
e Zacarias foram nossos mais queridos companheiros nas tardes de
domingo e nas matinês do cinema da esquina. Numa época onde não existia
internet, TV à cabo e DVD, as trapalhadas de Didi Mocó e seus
companheiros era tudo o que tínhamos à disposição. E ainda assim
estávamos bem melhor do que a geração Xuxa.
Eu mesmo me lembro com muito carinho daquela época quando
esperávamos ansiosos pelo próximo programa dos “Trapalhões” e com ainda
mais ansiedade pelo próximo filme. Didi e seu alter-ego, Renato Aragão
sempre primou por fazer um humor ingênuo, singelo quase circense, muito
voltado para o público infantil. Se nunca foi brilhante, pelo menos
nunca recorreu a grosserias, apelações de mau gosto e baixarias. Na sua
vida pessoal e pública, Renato Aragão também sempre foi discreto, nunca
se envolveu em escândalos e nunca permitiu acesso à sua vida familiar
nesses anos todos de sucesso. Por isso foi com surpresa que vi seu nome
envolvido em duas noticias que ganharam destaque não nos jornais e
portais da internet, mas nas redes sociais. A primeira dizia que Renato Aragão havia despedido uma funcionária apenas porque a pobre coitada o chamou de Didi e não de “seu Renato”. E a segunda , ainda mais esdrúxula, dava conta de um suposto filme onde Didi encarnaria o “Segundo filho de Deus”, aquele que viria para terminar a obra inacabada de Jesus na terra.
Nem foi preciso investigar muito para perceber que as duas “noticias”, que na verdade não passaram de pura fofoca, não tinham a menor substância. A primeira, de tão absurda, nem mesmo foi desmentida pelo site oficial de Renato Aragão. E sobre o tal filme, o próprio ator e diretor divulgou uma nota oficial esclarecendo que embora exista um roteiro parecido, de forma alguma envolve a ideia de substituir o papel de Jesus ou de ironizar o Cristianismo. Didi, ou melhor, Renato Aragão , sempre se proclamou católico e temente a Deus e durante toda a sua carreira jamais ofendeu a nenhum grupo religioso. Não seria agora , prestes a se aposentar que ele iria mexer justamente com o Cristianismo.
O que me incomodou nessa estória toda, não foram as postagens irresponsáveis no Facebook e Orkut, mas sim a ingenuidade (para não dizer “burrice”) de alguns evangélicos, que mesmo sem apurar os fatos, começaram a lançar campanhas de boicote ao pobre Didi Mocó. Ainda bem que dessa vez tudo acabou esclarecido sem maiores danos, mas coisas desse tipo podem causar problemas seriíssimos e abalar a reputação de gente inocente. A Bíblia ensina todo homem ( e mulher) a ser “pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. (Tiago 1:19) Em episódios como esse, “Trapalhões” somos nós evangélicos que saímos por aí, falando e fazendo bobagem sem pensar direito.
Um abraço,
Leon Neto
CINEMÚSICA: Leon Neto é mestre em musicologia pela Universidade de Campbellsville e Doutorando em Pedagogia Vocal pela Universidade Shenandoah. Atualmente atua como professor no departamento de Louvor na Liberty University.
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Published: 03 Sep 2012
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